A culinária africana tem uma presença marcante no Brasil. Mais que apenas ingredientes e temperos, essa herança cultural traz histórias, tradições e afeto que atravessaram o oceano. Os pratos que temos nas feiras, nas festas e nas refeições diárias têm raízes que vão até a África. Essa influência é um importante pilar da nossa gastronomia, que inclui desde pratos quentes e saborosos até doces memoráveis.
Neste artigo, vamos explorar 105 comidas africanas tradicionais que se tornaram populares ou foram adaptadas no Brasil. Essas receitas, tanto salgadas quanto doces, conquistaram o coração e o paladar do povo. Vamos conhecer essa deliciosa lista!
A influência africana na comida brasileira
As comidas afro-brasileiras têm origem, principalmente, nas regiões da África Ocidental, como Nigéria, Angola, Moçambique e Benim. Com o tráfico de pessoas escravizadas, muitas práticas e receitas foram trazidas para o Brasil, onde foram incorporadas aos ingredientes locais.
Alguns dos principais elementos que fazem parte dessa culinária são:
- Óleo de dendê
- Feijão-fradinho
- Pimenta
- Coco
- Milho e mandioca
- Peixes e frutos do mar
- Banana e outras frutas tropicais
Essa mistura de sabores e tradições é um verdadeiro símbolo de resistência e cultura, com forte presença na Bahia, em Pernambuco, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e nas regiões Sudeste e Sul do Brasil.
Pratos salgados de origem africana
Os pratos salgados africanos trazem a força dos temperos, cores e sabores marcantes. Muitos deles estão ligados à religiosidade e às festas, além de serem consumidos no dia a dia.
Pratos com dendê e frutos do mar
- Acarajé
- Vatapá
- Caruru
- Bobó de camarão
- Moqueca de peixe com dendê
- Efó (refogado de folhas com camarão)
- Xinxim de galinha
- Calulu (ensopado com peixe seco)
- Farofa de dendê
- Pirão com camarão
Pratos com feijão e grãos
- Feijão-fradinho
- Abará
- Baião de dois (mistura de influências africanas e nordestinas)
- Arroz de hauçá
- Feijão com quiabo
- Mungunzá salgado
- Angu com feijão
- Feijoada (reinterpretação brasileira de cozidos africanos)
- Feijão preto com maxixe
- Tutu de feijão com farinha
Pratos com milho, mandioca e raízes
- Cuscuz africano (que se transformou no cuscuz nordestino)
- Fufu (semelhante ao pirão ou purê de mandioca)
- Eba (massa espessa de fubá)
- Angu de milho
- Beiju de mandioca
- Farofa de milho torrado
- Bolinho de milho com pimenta
- Quibebe (purê de abóbora, mistura afro-indígena)
- Bolo de milho salgado
- Caldo de mandioca com carne-seca
Carnes e ensopados marcantes
- Sarapatel
- Rabada com agrião
- Mufete (peixe assado acompanhado de legumes, típico de Angola)
- Moamba de galinha (um clássico da culinária angolana)
- Dobradinha
- Galinha ao molho pardo
- Ensopado de carne com quiabo
- Costela com inhame
- Frango com gengibre e pimenta
- Buchada de bode
Lanches e acompanhamentos
- Pastel de angu
- Bolinho de feijão
- Bolinho de peixe
- Tapioca com recheios salgados
- Milho cozido com dendê
- Pamonha salgada
- Couve refogada com alho e azeite
- Salada de quiabo com cebola roxa
- Banana frita com pimenta
- Inhame frito ou cozido
Doces africanos e afro-brasileiros
A doçura africana também se firmou aqui. Muitos doces levam ingredientes como coco, açúcar mascavo, milho, banana e abóbora, além de técnicas de caramelização e fritura.
Doces com coco e mandioca
- Cocada branca
- Cocada preta (feita com açúcar queimado)
- Beiju doce
- Tapioca com coco e leite condensado
- Puba com coco
- Bolo de mandioca
- Cuscuz doce
- Canjica com coco
- Curau
- Pé-de-moleque com mandioca
Doces com banana, abóbora e frutas
- Doce de banana com cravo
- Banana frita com açúcar e canela
- Purê de banana-da-terra
- Compota de abóbora
- Doce de caju cristalizado
- Marmelada africana
- Doce de laranja com gengibre
- Doce de figo com mel
- Doce de manga com pimenta
- Frutas caramelizadas
Bolos e quitutes de festa
- Bolo de fubá cremoso
- Bolo de milho com coco
- Bolo de tapioca
- Bolo de amendoim
- Broa de milho
- Bolo de azeite de dendê
- Bolinho de chuva
- Bolinho de fubá
- Quebra-queixo
- Brevidade
Doces de tradição religiosa e de rua
- Alfenim (doce moldado, de origem africana)
- Bala de coco
- Doce de azeite doce (feito com dendê e açúcar, usado em oferendas)
- Bolinho de santo (ofertado em terreiros)
- Mel de abelha com farofa doce
- Pipoca caramelizada
- Amendoim doce
- Rapadura
- Doce de leite caseiro
- Doce de gengibre
Sobremesas mais modernas com raiz africana
- Pudim de leite com coco
- Mousse de banana
- Sorvete de tapioca
- Creme de manga com gengibre
- Manjar de coco com calda de ameixa
- Gelado de milho verde
- Creme de abóbora com leite de coco
- Pudim de fubá
- Bombocado de mandioca
- Pavê de coco queimado
- Bolo de cenoura com chocolate
- Torta de palmito e coco
- Macarons de framboesa bombom
- Batida de maracujá
- Panna cotta de coco
Por que preservar essas tradições?
A comida vai além do simples ato de se alimentar; ela representa a identidade de um povo. Quando falamos dos pratos africanos no Brasil, falamos da luta e da ancestralidade de um povo que conseguiu resistir e se reinventar. Manter esses pratos vivos é importante por várias razões:
- Valoriza e respeita a cultura afro-brasileira.
- Ensina sobre a origem de sabores que amamos.
- Assegura que as novas gerações conheçam suas raízes.
- Ajuda na resistência e no respeito às religiões africanas.
Como experimentar essas delícias?
Você pode encontrar várias dessas comidas em:
- Feiras populares
- Terreiros de candomblé e umbanda
- Festas de Iemanjá e Cosme e Damião
- Restaurantes afro-brasileiros
- Eventos culturais e quilombolas
Se preferir, também pode preparar algumas dessas delícias em casa. Com poucos ingredientes, é possível fazer um caruru, uma cocada ou até um vatapá no seu estilo. O segredo está no amor, no dendê e no respeito à origem dos pratos.
Essas 105 comidas africanas no Brasil revelam uma cozinha rica, diversa e repleta de histórias que merecem ser contadas e apreciadas. Desde o acarajé, que se tornou um ícone da Bahia, até a cocada, presente em muitas festas, cada receita é um elo que nos liga a uma herança cultural viva.
Mesmo com o passar do tempo e as mudanças na sociedade, os sabores africanos permanecem firmes, mostrando que comer é também uma forma de lembrar e resistir. Então, que tal experimentar uma dessas delícias hoje mesmo?