quarta-feira, novembro 5

Sustentabilidade nas Compras: O Que os Brasileiros Realmente Valorizam?

Nos últimos anos, a questão ambiental tem ganhado destaque nas conversas diárias, especialmente com a aproximação de grandes eventos, como a COP30. No entanto, uma pesquisa recente aponta que apenas 18,7% dos consumidores brasileiros escolhem marcas que adotam práticas sustentáveis na hora de comprar. Essa estatística revela uma desconexão entre a consciência ambiental e as decisões de compra.

A pesquisa realizada pela empresa de pesquisa de mercado analisou a escolha dos brasileiros ao adquirir produtos. Ela mostra que a maioria dos entrevistados ainda prioriza o preço na hora de decidir, com 45,9% apontando esse aspecto como mais importante. Em seguida, 40,9% das pessoas consideram a qualidade do produto. Indicações de amigos e familiares somam 10,3%, enquanto análises em plataformas como o Reclame Aqui correspondem a 9,6%. Esses dados refletem a pressão econômica que afeta as escolhas de consumo.

A CEO da empresa responsável pela pesquisa, Talita Castro, destaca que, mesmo que a sustentabilidade seja uma palavra que permeia o vocabulário dos consumidores, ainda falta um longo caminho para que essa preocupação se torne uma prática comum. Segundo ela, “os brasileiros estão mais atentos às questões ambientais, mas precisam equilibrar essa preocupação com o preço e a praticidade do dia a dia”.

A pesquisa ouviu 1.246 pessoas em diferentes regiões do país, mostrando variações no comportamento dos consumidores. Em categorias que envolvem compras frequentes, como roupas, cosméticos e calçados, as marcas sustentáveis continuam sendo as menos escolhidas. Por exemplo, apenas 66,7% dos entrevistados optam por roupas sustentáveis, 42,9% por cosméticos e 30,5% por calçados.

Curiosamente, quando dois produtos têm preço e qualidade similares, a sustentabilidade pode ser um fator decisivo. Nesse contexto, 41,3% dos entrevistados afirmaram que escolheriam a opção que respeita o meio ambiente, mostrando que o fator ambiental é visto como um critério adicional, e não uma prioridade.

Outro ponto interessante revelado é a disparidade nas preferências por marcas sustentáveis entre classes sociais. O grupo de classe A mostrou o menor percentual, com apenas 13%. Em contrapartida, as classes B, D e E apresentaram números mais altos, indicando que a preocupação com o meio ambiente não é exclusividade de quem tem maior poder aquisitivo. Além disso, na divisão geográfica, a região Sul teve 24% de preferência por marcas sustentáveis, enquanto o Norte teve apenas 14%. Quanto à faixa etária, pessoas entre 40 e 49 anos consideram menos relevante a sustentabilidade, mas, ao mesmo tempo, consultam mais informações sobre o impacto ambiental, com 19% buscando essas informações.

Embora as práticas sustentáveis estejam ganhando espaço nos discursos e na mente do consumidor, é claro que ainda existem barreiras para sua adoção. Talita Castro finaliza, “mais do que apenas apontar contradições, a pesquisa sugere que marcas e consumidores devem trabalhar juntos para facilitar escolhas mais conscientes, sem deixar de lado as limitações orçamentárias que ainda influenciam o comportamento de compra. O brasileiro está aberto a consumir de maneira mais consciente, mas, na prática, precisa se ater ao que cabe no seu bolso.”

Assim, fica evidente que, enquanto a sustentabilidade avança em nossos diálogos, ela ainda não é uma realidade nos hábitos de consumo da maioria dos brasileiros. Para que isso mude, é imprescindível que empresas, governo e sociedade civil unam seus esforços para promover produtos que não apenas respeitem o meio ambiente, mas que também sejam acessíveis e práticas para a vida cotidiana. O desafio está em equilibrar esses fatores enquanto caminhamos em direção a um futuro mais sustentável.

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